Publicado originalmente na revista Intertelas. Escrito por Eden Lopes

O clássico geopolítico militar brasileiro Golbery de Couto e Silva define a América do Sul como a ’’retaguarda’’ do Ocidente. Ele escreve em “Geopolítica do Brasil” que, em razão da proximidade com a África e a Antártida, esta área é a mais importante para o controle do trânsito comercial e estratégico nos oceanos atlântico e pacífico (COUTO E SILVA, 1967). Essa ideia, parte da espinha dorsal da Doutrina de Segurança Nacional da Ditadura militar brasileira, era subordinada ao conceito de alinhamento hemisférico do país com o Ocidente- Golbery define o Brasil como um país Ocidental. Na prática, para os governos brasileiros e os sul-americanos, essa ideia consolidou a nossa região como uma zona de governos satélites da Europa e dos Estados Unidos.

Essa reflexão de longa data de Golbery, em plena ditadura militar, ainda é esclarecedora caso somemos as concepções pan-americanistas, oriundas das relações entre as forças armadas e parte da elite brasileira com os Estados Unidos. A primeira doutrina expansionista da diplomacia estadunidense foi a Doutrina Monroe no século XIX, que visava impor a hegemonia hemisférica de Washington sobre o resto do continente. Da mesma forma, durante a Guerra Fria, o primeiro pacto militar do bloco ocidental foi o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR). Em suma, é inegável, para qualquer um, que a América Latina constitui uma pública zona de influência e “segurança” para a manutenção da hegemonia estadunidense.

Ainda que os Estados Unidos tenham mantido de forma firme a sua hegemonia política, militar e econômica sobre a região desde o fim da Segunda Guerra Mundial, duras derrotas ocorreram ao longo deste período. As revoluções caribenhas (Cuba, Granada e Nicarágua), ocorridas entre as décadas de 1960 e 1970, mostraram os limites dessa hegemonia, ainda que somente Cuba tenha conseguido com sucesso sobreviver a onda neoliberal das décadas de 1980 e 1990. O fracasso do projeto da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) também foi outra derrota.

Essas derrotas refletiam a dissolução da hegemonia estadunidense durante as últimas décadas. Isso resulta na emergência e fortalecimento de órgãos de integração regional em várias partes do mundo- União Africana, Associação dos Estados do Sudeste Asiático (ASEAN) e etc- e também no aparecimento de potências regionais e globais. Essas potências, articuladas em grupos multilaterais, passaram a reposicionar a si e as suas respectivas regiões partindo de novas perspectivas globais. Em meio a este cenário, o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tornou-se importante para os países membros do grupo e também para os vizinhos imediatos e fronteiriços.

O reposicionamento da América Latina no cenário mundial nas últimas duas décadas é marcante. O Brasil, a despeito do intervalo dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, está situado no círculo das principais potências regionais do globo ao lado de África do Sul, Turquia, Indonésia e outros. Isso abriu a possibilidade de que os países da região diversificassem as suas parcerias políticas e econômicas internacionais. É neste processo que a Índia, a China e outros países asiáticos ganharam paulatinamente o espaço na região que anteriormente foi ocupado por Estados Unidos e países europeus. Em 2021, cerca de 48% do comércio externo brasileiro foi realizado com a China e, embora as relações bilaterais não cheguem ao mesmo nível como ocorre nas trocas comerciais entre os chineses e a Argentina, a Colômbia e o Peru, paulatinamente elas aproximam-se desses mesmos contextos.

Preocupados com essa situação, os Estados Unidos e os países europeus, que também percebem um afastamento político dos países africanos, passam a arquitetar formas de reação. O plano geral de ’’contenção’’ da China, e que também inclui a Rússia, é a Estratégia Indo-Pacifica, cujo objetivo é inviabilizar a Iniciativa das Novas Rotas da Seda. Este projeto chinês é um ambicioso plano político, econômico e cultural de interconexão global apresentado em 2013, com o objetivo de reorganizar o processo de globalização das cadeias produtivas, culturais, científicas e tecnológicas mundiais. Este projeto é parceiro da União Econômica Euroasiática (UEE), grupo liderado pela Rússia, composto por Armênia, Cazaquistão, Quirguistão e Belarus.

Em resposta a estes dois projetos, que encarnam a aliança estratégica entre a China e a Rússia, o projeto indo-pacífico visa excluir os chineses e os russos das cadeias de suprimento e tecnologias globais, bem como a militarizar as imediações do espaço territorial, cibernético e celeste por meio de bases, alianças e blocos militares. Este plano prático da Estratégia Indo-Pacifica foi apresentado durante o governo de Donald Trump, mas o conceito foi elaborado sob a presidência de Barack Obama.

O primeiro golpe sobre o projeto conjunto chinês e russo ocorreu em 2014 com a gestação do conflito atual na Ucrânia, que diminuiu a intensidade das conversas tripartites entre os europeus, a Rússia e a China. No projeto original das Novas Rotas da Seda, o papel de Moscou como ponto de trânsito terrestre dessa integração era central. Entretanto, o conflito na Ucrânia pôs a Europa em oposição direta com a Rússia e resultou no cancelamento de todas as parcerias políticas e econômicas entre Moscou e boa parte dos Estados europeus.

No momento em que a guerra na Ucrânia eclodiu, a França discutia a necessidade de diminuir o papel da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e os europeus negociavam um grandioso tratado comercial com a China. Tudo isso acabou em razão da pressão gigantesca dos EUA que instrumentalizam a guerra como forma de reimpor a sua hegemonia sob a Europa. Portanto, ainda que em termos militares ocorra uma derrota na Ucrânia, o objetivo estratégico principal foi alcançado: quebrar o elo de relações comerciais sino-europeu. Hoje, a principal discussão econômica na Europa, sobretudo após as últimas cúpulas do G7, é o desacoplamento das cadeias produtivas europeias em relação aos centros tecnológicos e industriais chineses. Isso foi um importante triunfo estratégico de curto e médio prazo para os Estados Unidos nas ações de ’’contenção’’ da China.

Embora a Guerra na Ucrânia tenha tido um efeito psicológico, militar, econômico e político devastador sobre a Europa, o impacto na relação entre a América Latina, a China e a Rússia não foi semelhante. O Brasil, a despeito dos altos e baixos, mantém uma relação amistosa com esses países, e isso abre a possibilidade para que o restante da região intensifique as suas relações. Inclusive, em razão da blitzkrieg econômica do Ocidente contra a Rússia, muitos países, e os latino-americanos também, passaram a discutir formas de diminuir o poder do dólar nas suas economias, antevendo possíveis novas restrições contra outros países.

Isso é possível em razão da neutralidade brasileira perante o conflito promovido pelos Estados Unidos contra a Rússia e a China, ainda que situada dentro da zona de compromissos militares e políticos do hemisfério ocidental. A única forma dessa situação mudar seria com um conflito militar direto, ou mesmo indireto, que envolvesse os Estados Unidos e a China. A eclosão de uma guerra no Pacífico envolvendo a China e os EUA, afetaria diretamente a América Latina por questões econômicas, militares e políticas. A exemplo da Europa, poderíamos ver uma pressão colossal da parte estadunidense para que a região tome o lado ocidental do conflito.

Prevendo esta situação, o governo brasileiro, que esteve presente nas reuniões de chanceleres, ministros da economia e chefes de Estado do G7, tenta amenizar o quadro enquanto busca uma posição confortável. O clima de guerra envolvendo os EUA criaria as condições ideais para o reforço de uma aliança hemisférica no mesmo sentido em que ocorreu com a Euroatlântica. O TIAR, ainda vigente e ativo, e a presença militar estadunidense nas Américas, são elementos centrais que possibilitariam um movimento dessa magnitude.

Esses pontos também permitem importantes questionamentos sobre a necessidade e a viabilidade da sustentação de uma guerra em Taiwan contra a China por parte dos Estados Unidos. No que diz respeito as possibilidades militares, uma guerra em Taiwan poderia ser ainda mais desastrosa do que o conflito na Ucrânia, pois qualquer deslocamento de efetivos, regulares ou não, e equipamentos é bem mais difícil, pois a China controla grande parte do entorno marítimo e aéreo da região. Além disso, as bases mais próximas a área encontram-se no Japão e em outras ilhas afastadas na Oceania, algo que atrasaria qualquer tipo de reação imediata Ocidental e ampliaria o número de atores envolvidos no conflito rapidamente.

Em 2016, foi publicado nos Estados Unidos um documento de conjectura sobre a possibilidade de uma guerra com a potência asiática chamado “War whith China- Thinking through the Unthinkble” (Guerra com a China- Pensar o Impensável). Em um trecho, onde são indicados as perdas militares de uma possível guerra em 2025 para ambos os lados, afirma-se que:

“Além da distância entre elas, vejamos que as perdas militares dos EUA e da China em uma longa e severa guerra de 2025 seriam muito pesadas – as perdas dos EUA em razão do A2AD [Sigla para Anti-acesso e negação de área] aprimorado da China e perdas da China apesar do A2AD aprimorado. Em T2 [Sigla para Tempo de 1 ano após o começo do conflito], as perdas chinesas podem permanecer muito pesadas, enquanto as perdas dos EUA na região podem ser pesadas (notavelmente, mais pesadas do que seriam no ano de 2015). Isso implica um esgotamento considerável das capacidades militares gerais dos EUA e um esgotamento ainda maior das capacidades militares chinesas gerais, com implicações para a segurança do pós-guerra nesta e em outras regiões. No entanto, sem um vencedor claro, nenhum dos lados será capaz de obter o controle sobre as pesadas perdas, causando profunda raiva em ambos os lados. As perspectivas de um acordo para abreviar a guerra podem ser menores do que são agora”. (RAND, 2016, p. 40)

Se em termos militares os resultados da guerra são nebulosos, os frutos dela, como caos econômico, quebra das cadeias produtivas e militarização das duas principais economias mundiais, seriam ainda mais devastadores para todos. Contudo, resta visualizar o impacto político global de um conflito como esse. No campo geopolítico e estratégico, em médio e longo prazo, os efeitos podem ser diferentes em cada área do mundo. Entre os países do sudeste asiático, é duvidoso que ocorra algum apoio a um dos lados, ou que isso pudesse gerar divisões no seio do projeto de integração da área com a China por meio do Acordo Regional de Economia Abrangente (RCEP).

A exceção do Japão e da Austrália, é difícil saber se outros aliados estadunidenses como a Coreia do Sul, as Filipinas e a Índia embarcariam na retórica antichinesa por completo, ainda que pudessem assumir uma neutralidade pró-Ocidente. Na África e no Oriente Médio, também não existem sinais de que mudanças significativas nas posições dos principais países poderiam ocorrer em razão de uma guerra em Taiwan, a despeito dos impactos econômicos. A Europa, dominada no médio prazo, estaria automaticamente alinhada aos Estados Unidos sem grandes problemas. Resta então a América Latina.

Ainda que boa parte da região já não tenha mais relações com Taiwan, e reconheça o governo da República Popular da China como a única e a legítima representante do povo chinês, a dependência e a influência dos Estados Unidos é muito poderosa. As forças militares e as elites econômicas latino-americanas são ainda mais suscetíveis a essa referência e alimentadas nessa posição regional de área satélite dominada por Washington. Os fortes vínculos econômicos entre europeus, russos e chineses foi insuficiente para impedir a exclusão de Moscou e Beijing da Europa.

Na América Latina, que possui menor soberania para o controle territorial, econômico e político, não existem garantias de que as relações comerciais superavitárias sejam uma grande barreira para a imposição da agendar militar e política dos Estados Unidos. Sublinhe-se que o atual presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, sabendo o peso da importância da dedolarização nas relações comerciais externas brasileiras, disse ser contrário a criação de mecanismos de pagamento alternativos ao dólar para as relações econômicas com outros países.

É importante asseverar que boa parte das elites latino-americanas- e Roberto Campos Neto pode ser considerado como parte deste grupo- são diretamente dependentes do poderio cultural, político e militar de Washington para manter as suas posições aristocráticas. Este alinhamento poderia não só reforçar o poder desses vínculos, mas sobretudo as estruturas internas de dominação em um momento onde os movimentos populares e o anti-imperialismo podem voltar a crescer na região em meio as intensas disputas políticas, e também mediante ao agravamento dos conflitos mundiais. Essa ofensiva simultânea poderia preservar a dominação dos Estados Unidos na região por mais algumas décadas e garantir uma posição de poder mundial significativa, mesmo após a expulsão de importantes áreas da Ásia e África.

Além do mais, mesmo que houvesse alguma relutância latino-americana na tomada de posições antichina, a quebra na cadeia de suprimentos para a América Latina e a China seria um efeito catastrófico para a soberania dos países da região. Uma política de ’’tolerância zero’’ dos Estados Unidos contra qualquer relação regional com os chineses, que funcionou muito bem na Europa contra a Rússia, é uma ação muito provável e previsível. Apesar dos duros impactos deste cenário sobre Beijing, o golpe maior é contra os países da nossa região, pois os efeitos políticos seriam tão significativos quanto os econômicos.

Um isolamento por meio do cerco econômico e militar hemisférico limitaria todas as alternativas de posicionamento e inserção internacional da região. Por consequência, a incapacidade de manter relações estáveis com a China, que atualmente possibilitam a aquisição de certas tecnologias e conhecimentos científicos valiosos, poderia reforçar a condição agroexportadora da região. Isso significa que poderíamos ver in lócuo a mesma tendência existente na Europa desde 2022: um assalto econômico de Washington, seguido do reforço de uma ocupação militar praticamente direta.

Embora tal perspectiva pareça pessimista não pode ser considerada remota. Para além do documento citado poucas linhas atrás, organizações ligadas ao complexo militar industrial dos Estados Unidos, e mesmo o próprio governo, já inserem nos documentos estratégicos a ideia de um conflito com a China como algo inevitável. No documento que estabelece as diretrizes estratégicas para a OTAN na presente década, “NATO 2030- United for a New Era” (OTAN 2030- Unida em uma Nova Era), está indicado que:

“A China é, portanto, melhor compreendida como um rival sistêmico de amplo espectro, em vez de um ator puramente econômico ou apenas um ator de segurança focado na Ásia. Embora a China não represente uma ameaça militar imediata à área euro-atlântica na escala da Rússia, ela está expandindo seu alcance militar no Atlântico, Mediterrâneo e Ártico, aprofundando os laços de defesa com a Rússia e desenvolvendo mísseis e aeronaves de longo alcance, porta-aviões e submarinos de ataque nuclear com alcance global, amplas capacidades baseadas no espaço e um arsenal nuclear maior. Os Aliados da OTAN sentem cada vez mais a influência da China em todos os domínios. O Seu [Projeto] Um Cinturão e uma Rota, Rota da Seda Polar e Rota da Seda Cibernética se expandiram rapidamente e estão adquirindo infraestrutura em toda a Europa com potencial para comunicações e interoperabilidade”. (NATO, 2021, p. 27)

Ben Wallace, Secretário de Defesa da Grã-Bretanha, e candidato para liderar a OTAN nos próximos anos declarou recentemente para o jornal Financial Times que uma guerra entre as potências e a Rússia e a China na segunda metade desta década é algo provável. Portanto, não é mais possível qualquer tipo de fala idealista ou fantasiosa de paz quando os principais responsáveis por boa parte- senão todos- dos conflitos militares armados do globo estão falando claramente que existem mais guerras a caminho.

No cenário latino-americano, a general do Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos (USSSOTHCOMM) Laura Richardson também apresentou a China como a grande ameaça regional em seu discurso de posse. Na ocasião disse:

“Hoje, a RPC [República Popular da China] tem a capacidade e a intenção de evitar as normas internacionais, promover seu tipo de autoritarismo e acumular poder e influência às custas das democracias existentes e emergentes em nosso hemisfério. Esta é uma década decisiva e nossas ações ou inações em relação à RPC terão ramificações nas próximas décadas. (…)

A defesa da pátria dos EUA está diretamente ligada à resiliência, estabilidade e segurança da região da América Latina e Caribe. A proximidade nos coloca na linha de frente da competição estratégica [Com a China], pois compartilhamos desafios transfronteiriços e ameaças globais. Isso exige que a equipe do USSOUTHCOM seja um parceiro confiável [da América Latina] e busque esforços que atendam nossos parceiros onde quer que estejam, maximizando nossos esforços onde suas prioridades se alinham com nossos próprios interesses nacionais”.

Não é possível afirmar com certeza que o conflito em Taiwan, a semelhança da Ucrânia, tem por objetivo quebrar o elo de integração entre a América Latina e o projeto das Novas Rotas da Seda. A ilha rebelde é uma área de conflitos entre a China e o Ocidente há alguns séculos, e isso tem sido agravado pela reemergência da China como potência militar e econômica, e a proeminência de Taiwan em setores tecnológicos chave, como a fabricação de Chips e semicondutores, cruciais para a Indústria 4.0. No entanto, as consequências e os impactos estratégicos de um conflito como esse nas relações entre a América Latina e a China seriam muito grandes.

E certamente fazem parte dos cálculos dos falcões na Casa Branca que andam prevendo e preparando guerras. Em suma, ao retomarmos Golbery de Couto e Silva, podemos concluir que essa guerra poderia contribuir para o fortalecimento da ’’retaguarda’’ do mundo ocidental em sua Competição Estratégica com a China.

Referências:

CEVALLOS, Astrid Stuth; GARAFOLA, Cristina L.; GOMPERT, David C. War whith China- Thinking through the Unthinkble. Rand Corporation, Santa Monica- California, 2016.

COUTO E SILVA, Golbery. Geopolítica del Brasil. 1966.

FINANCIAL TIMES. UK defence secretary warns of threat of wider global conflict by end of decade. 2023. Disponível em: https://www.ft.com/content/14c534ad-4cb7-4e08-93ba-9b6d0b393a34.

NATO. NATO 2030: United for a New Era. 2020.

USSSOUTHERNCOMMAND. STATEMENT OF GENERAL LAURA J. RICHARDSON COMMANDER, UNITED STATES SOUTHERN COMMAND. 2023. Disponível em: https://armedservices.house.gov/sites/republicans.armedservices.house.gov/files/03.08.23%20Richardson%20Statement.pdf.

XIE, KAWALA. From ‘decouple’ to ‘de-risk’ – is there any difference in the US’ China strategy? In: China South Morning Post. 2023. Disponível em: https://www.scmp.com/news/china/diplomacy/article/3222885/decouple-de-risk-there-any-difference-us-china-strategy.


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