Em um momento de tanta dispersão dos movimentos sociais que se arrasta por quase uma década foi dado o grito de retomada e fortalecimento das lutas em curso no campo e nas cidades, por centenas de estudantes, professores, indígenas, camponeses, pescadores, que lotaram por três dias o auditório do Instituto Federal do Pará, em Conceição do Araguaia, no Sul do Pará, com muita disposição e animação, clamando por lutas de enfrentamento ao latifúndio.
O III Fórum Araguaiano, Pesquisa, Território e Direitos Humanos no Sul e Sudeste do Pará, foi uma iniciativa continuada do Espaço de Memória de Conceição do Araguaia e este ano contou com a parceria da Universidade do Estado do Pará – UEPA e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará Campus de Conceição do Araguaia.
O Fórum conseguiu mobilizar pesquisadores, professores com graduação, mestres e doutores da Geografia, Psicologia, Agronomia, Ciências Sociais, Arquitetura, do Direito, da Pedagogia, da História, indígenas e camponeses, que contribuíram com palestras que animaram os debates. Tendo como principal palestra, a de abertura do fórum, proferida pelo professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira, da USP, sobre: Conflitos e Reforma Agrária no Brasil.
O fórum saudou os heróis que tiveram suas vidas ceifadas pelo latifúndio em conluio com as forças contrarevolucionárias do Estado, como os advogados Gabriel Pimenta, Paulo Fonteles e João Batista, religiosos Padre Josimo e Irmã dorothy, camponeses Gringo, João Canuto, Expedito, Arnaldo Delcídio, Benezinho, Dezinho, Doutor e Fusquinha. Saudou também o valioso companheiro geógrafo Carlos Walter Porto Gonçalves pela sua grande contribuição enquanto vida teve e agora através de suas escritas.
O fórum proporcionou a vários professores e pesquisadores, que fizeram esforços para chegarem à Conceição do Araguaia uma semana antes do inicio do evento, visitas a áreas de camponeses, pescadores e de indígenas como por vários pontos da cidade, ouvindo sobre as condições de vidas das populações, suas dificuldades e perspectivas diante da conjuntura política que aí está. Além das palestras e debates o fórum proporcionou a realização de oficinas, lançamento de livros, exposições de filmes e documentários e de uma riquíssima feira de produtos artesanais e de origem agroecológica.
Nas diversas falas foram tratados os temas referentes à educação, políticas públicas, luta pela terra, desmatamento, o clima, a grilagem, mineração, subserviência dos governos, avanço do Capital, degradação ambiental, imperialismo, repressão, opressão, o que será a COP 30, agroecologia, assistência técnica, posição classista do Estado em defesa dos ricos e esmagando os pobres, agravamento da situação psicológica das pessoas, saudação aos heróis que tombaram na luta pela terra, a necessidade de fortalecimento da luta e unidade dos movimentos, a necessidade de oportunidade para participação das mulheres camponesas e indígenas, e como nos tempos atuais travar a luta contra o latifúndio da pecuária, do agronegócio e da mineração.
Nós, das Brigadas Populares e do CEPASP, que participamos do vitorioso Fórum, fazemos um balanço de que foi um momento e espaço riquíssimo em conteúdo e oportunidades de manifestações que há anos não acontecia por estas bandas, capaz de juntar as forças mais significantes (camponeses e indígenas) das lutas de enfrentamento ao imperialismo, ao latifúndio e ao Estado e governos subservientes, com a academia orgânica, para promissores avanços.
Marabá, 19 de setembro de 2024.
Brigadas Populares
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