No último dia 18 de julho completaram-se 42 anos do brutal e covarde assassinato, em Marabá, do advogado Gabriel Pimenta(27 anos), que atuava em apoio a luta camponesa e defesa dos direitos dos trabalhadores através do Sindicato dos trabalhadores Rurais de Marabá fundado no ano de 1980 com forte atuação na região de Morada Nova, Murumuru e Pau Seco, onde ocorriam as mobilizações mais avançadas na luta pela terra, dirigidas por Antônio Chico, Chicó, Higino, João do Cupu e outros.

Gabriel havia conseguido nos tribunais um feito histórico jamais visto. Além de conseguir anular a liminar de reintegração de posse impetrada em favor de grileiros latifundiários na área disputada por posseiros na região de Pau Seco o juiz determinou que os mesmos policiais que fizeram os despejos das famílias as levassem de volta para suas posses. Algo humilhante para a polícia, o Estado reacionário e os grileiros.

De forma aguerrida Gabriel estava desafiando latifundiários, grileiros e a força repressiva do Estado do governo da ditadura militar em um município sob o manto de área de Segurança Nacional, aquartelado, sob a vigília do major Curió e a caça de comunistas na região, após o massacre de bravos revolucionários e revolucionárias na Guerrilha do Araguaia.

Assim como foi feito o desaparecimento dos corpos dos revolucionários e revolucionárias da Guerrilha do Araguaia e acobertado o crime cometido pelas Forças Armadas, o poder judiciário fez com o processo judicial do Gabriel, com manobras suficientes para que nem o pistoleiro e nem o mandante viessem a serem julgados e responderem pelo crime, prática de impunidade recorrente na Amazônia. Mandantes e assassinos de camponeses, religiosos e advogados, nunca são penalizados por seus crimes.

Mas diante de lutas incansáveis de advogados, como José Batista da CPT, depois de 40 anos do assassinato, o Estado Brasileiro foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) a adotar ações reparatória ao descaso com que a justiça brasileira tratou o caso.

Em reconhecimento do importantíssimo papel que teve o Gabriel Pimenta em apontar o rumo da luta camponesa na Amazônia em tomadas de terra e destruição do latifúndio, em defesa de sua memória e de seu legado, as Brigadas Populares, o CEPASP e a companheira Iná, estudante de mestrado da UNIFESSPA, realizaram no dia 19 de julho um ato em memória deste grandioso revolucionário. Contou com a participação de pessoas que conviveram com Gabriel, como Emanuel Wanbergue(Mano), do advogado José Batista e outras pessoas da época e de agora que querem saber mais sobre o Gabriel Pimenta.

Por iniciativa do Ministério dos Direitos Humanos, da Cidadania(MDHC) em parceria com o Instituto Gabriel Pimenta de Direitos Humanos e organizações democráticas da sociedade civil neste dia 30 foi realizado em Juiz de Fora um ato pública em memória de Gabriel Pimenta e pela luta em defesa do cumprimento da sentença impetrada pela Corte. O ato seria marcado pelo pedido de desculpas do Estado brasileiro pela sua ‘omissão’ no caso.

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