As entidades do movimento negro, organizações do movimento social e associações que abaixo subscrevem vêm a público se posicionar em defesa do militante do Partido Socialismo e Liberdade, Rafael Andrade, que vem sofrendo com os requintes de crueldade do racismo em exposição pública e imediata de um caso que deve ser tratado internamente ao PSOL, resguardando as e os militantes do partido da política penal e Racista brasileira.
A naturalização da violência racial é uma construção comum na formação do país, mesmo entre setores da esquerda brasileira, que não está livre da perpetuação e reprodução do racismo. Para tais, mais vale a manutenção dos privilégios brancos do que deslocar a potência do lugar dos seus discursos, muitas vezes retóricos, para a prática das suas ações políticas. Estamos falando de herdeiros políticos, filhos ex-prefeitos e de políticos brasileiros, que tiveram a alva benesse de se formarem politicamente, mas sem nunca pisarem os pés no chão da realidade brasileira.

O racismo alimenta-os da certeza da impunidade e de que eles podem destilar seu ódio racial como forma de reação vingativa às derrotas políticas que os afetam. E foi isso que aconteceu no Oitavo Congresso do PSOL, ao invés de tratar uma questão internamente, expôs a imagem de um homem negro como agressor em diversos veículos midiáticos, desobedencendo a deliberação congressual sobre o processo de apuração das imagens dos fatos ocorridos para que se pudesse chegar a um posicionamento partidário. Esses parlamentares são: Glauber Braga (Deputado Federal), Sâmia Bonfim (Deputada Federal) e Roberto Robaina (Vereador em Porto Alegre).

Não cabe na esquerda brasileira a exposição punitivista de pessoas negras! Essa prática escravocrata reafirma aquilo que o movimento negro vem sinalizando ao longo de décadas: nós vivemos uma abolição inconclusa! E muito daquilo que não se consegue superar para a conclusão da abolição se deve a falsos aliados brancos, que violentam corpos negros da mesma forma e com o mesmo requinte de crueldade que fizeram seus ascendentes europeus.

Essa Nota não fala sobre o PSOL, segundo maior partido da esquerda brasileira, mas sim do exercício racista e os privilégios herdados da branquitude.

Nos manifestamos para que o PSOL trate a questão interna, de todos envolvidos, inclusive daqueles que atacaram o companheiro publicamente na imprensa e o julgaram como faz o sistema penal brasileiro.

Não vamos compactuar com os julgamentos sumários da branquitude e não iremos silenciar frente ao racismo. Ao contrário disso, cabe a nós, negros e negras, reforçar a imagem dos nossos e das nossas enquanto nossos irmãos de luta e superar de uma vez por todas a branquitude que ainda nos rouba a liberdade de gritar os nossos posicionamentos e reagir à violência racial por todos os meios necessários.

Diante do Racismo, não nos calaremos!

Remetemos essa nota à executiva nacional do Partido Socialismo e Liberdade, partido aliado do movimento negro, que tem em suas fileiras diversas lideranças organizadas e ativistas antirracistas.


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