Texto: Guilherme Pontes, Secretário Político Nacional das Brigadas Populares.
Há exatos 7 anos nós, em Mariana, nos perguntávamos o porquê dos helicópteros. Poucos minutos depois, a notícia: a “barragem da Samarco” havia rompido.
Não sabíamos ao certo o que isso significava e, ao passar da tarde, a dimensão do crime ocorrido ia se desenhando.
Ao cair da noite, toda a cidade já estava mobilizada. A população levava doações para o ginásio municipal: alimentos, água, colchões, cobertores, etc. No ginásio ficamos por horas, em torno de uma quadra repleta de camas improvisadas. Cada minuto levava horas, sem que houvesse notícias das equipes de resgate. Começou a chover, chovia forte. E chegou a informação de que as equipes interromperiam as buscas e só as retomariam no dia seguinte. Dormimos – ou não – sem certeza de que haveriam atingidos vivos para ocupar as camas improvisadas que os aguardavam.
O dia seguinte seguiu na angústia, quando os sobreviventes foram encontrados. A notícia era que, a despeito das sirenes de emergência não terem funcionado, uma moradora de Bento Rodrigues fora avisado pelo seu irmão, trabalhador terceirizado da Samarco, que a barragem havia rompido e ela, em sua moto, avisou a todos que pode na comunidade. Paula salvou centenas de vidas.
Hoje, 7 anos depois, a justiça segue por ser feita: as famílias não foram reassentadas e grande parte não foi indenizada.
A Vale/Samarco matou um rio, destruiu uma comunidade tricentenária e assassinou 19 pessoas (nesse episódio). Ninguém foi responsabilizado.
É urgente um debate sério e profundo sobre a mineração: não é o Brasil e Minas Gerais que precisam da mineração, mas sim os grandes empresários donos de mineradoras.
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